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26 de janeiro de 2012

Há 20 anos, Rivaldo brilhava na Copa São Paulo de Futebol Júnior

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 Emerson (Rondonópois Esporte Clube), Matheuzinho (Corinthians), Hugo Gomes (São Paulo) Chico (Desportivo Brasil), Marcos Júnior (Fluminense) e Sassá (Botafogo). Esses são alguns nomes da Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano, que chegará ao fim nesta quarta-feira. Desconhecidos até mesmo por torcedores do seu time, no futuro, eles podem brilhar no futebol se repetirem a trajetória de sucesso de Rivaldo Vítor Borba Ferreiras ou simplesmente Rivaldo. Há 20 anos, o pernambucano aproveitava a Copinha para reescrever sua história no futebol e na vida.
Jovem de origem humilde, Rivaldo foi um dos destaques da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 1992 pelo Santa Cruz ao ser co-artilheiro do time com três gols ao lado de Serginho. Na 23ª edição do torneio, o tricolor pernambucano alcançou a sexta colocação geral, sendo eliminado nas quartas-de-final pelo São Paulo por 2 a 1 na prorrogação. Apesar de ficar longe do título, a equipe chamou a atenção por conta de dois jogadores: Rivaldo e Valber – este último o de maior destaque na Copinha pelo Santa Cruz.
Rivaldo time Santa Cruz (Foto: Divulgação)
Rivaldo começou a jogar cedo com a camisa do Santa Cruz (Foto: Divulgação)

Um ano antes, Rivaldo havia começado a ganhar espaço pelo Santa Cruz ao ser campeão na categoria juniores. A participação na Copinha de 1992 foi a última pela categoria de base do Tricolor. Logo em seguida, ele foi vendido junto com Valber e Leto para o Mogi Mirim. Na época, o clube pernambucano era dirigido por Raimundo Moura e o departamento de futebol tinha o comando de Jorge Chacrinha, ambos mortos hoje em dia.
Ronaldo e Rivaldo abraçados na Seleção (Foto: Getty Images)Rivaldo e Ronaldo brilharam na Seleção Brasileira
(Foto: Getty Images)
Oficialmente, a negociação entre o Santa Cruz e o Mogi Mirim envolveu a troca de Rivaldo, Leto e Valber por Paulo Silva, Malhado e Pessanha, além de um pagamento em dinheiro. Na época, o Tricolor vendeu os seus três jogadores por U$S 54 mil dólares. Com os termos da negociação acertados, o trio embarcou para São Paulo em fevereiro para brilhar no futebol paulista e seguir destinos diferentes alguns anos depois de deixar o Arruda.

No caminho de Rivaldo, títulos da Copa América e da Copa do Mundo de 2002 pela Seleção Brasileira e o troféu de melhor jogador do mundo em 1999, entre outras conquistas pelo Palmeiras, Milan (Itália), Olympiakos (Grécia), Bunyodkor (Uzbesquitão) e Barcelona (Espanha). O meio-campo também teve passagens pelo La Coruña (Espanha) e pelo Corinthians, com grandes atuações.
A lei do mais forte
Sem uma voz oficial que fale sobre a negociação de Rivaldo com o Mogi Mirim, quem comenta a transação são ex-dirigentes do Santa Cruz. Eles, no entanto, fazem questão de frisar que não tiveram participação na venda do jogador. É o caso do ex-presidente José Neves Filho. Ele garante que esteve ausente do clube na época em que Rivaldo despontou.
 – Trabalhei no Santa Cruz entre 1985 e 1988 e voltei em 1993. De 1989 a 1992, estive fora – disse sem, no entanto, criticar a postura da diretoria responsável por negociar Rivaldo com o Mogi Mirim.
– O Real (R$) de Pernambuco não é o de São Paulo. O apartheid é muito grande entre as equipes daqui e de lá. O Santa Cruz não teria como segurar Rivaldo, Leto e Valber por muito tempo. Até hoje, quando o Santa, Náutico e Sport seguram um jogador é por no máximo um ano e olhe lá. Quando a permanência chega a um ano é uma maravilha. Para a multa ser grande, o clube tem que pagar um salário bom ao jogador – falou, lembrando recentemente o caso Gilberto, atacante que brilhou pelo Tricolor no Pernambucano 2011 e logo depois foi para o Internacional.
O ex-dirigente do Santa Cruz também isenta seus companheiros de administração tricolor na venda de Rivaldo por outro fator que nada tem a ver com a questão financeira. Para José Neves Filho, a equipe coral seria levada a vender Rivaldo por pressão da torcida na década de 90.
O Real (R$) de Pernambuco não é o de São Paulo. O apartheid é muito grande entre as equipes daqui e de lá. O Santa Cruz não teria como segurar Rivaldo"
José Neves Filho, ex-presidente do Santa Cruz
– Rivaldo tinha a fama de cai-cai. Quando ele pegava na bola, a torcida se impacientava. Ele foi muito contestado. Sinceramente, não sei se com a torcida do Santa Cruz cobrando, Rivaldo teria se firmado. Uma coisa é jogar pelo Mogi Mirim, que tem um determinado número de torcedores. Outra é jogar com a pressão da torcida do Santa Cruz. Mas Rivaldo é e sempre foi um grande jogador. Se ele tivesse ficado um pouco mais, o Santa teria feito um bom dinheiro.
Rivaldo, o injustiçado
A “má fama” de Rivaldo com a camisa do Santa Cruz é lembrada também por Alexandre Mirinda, outro ex-presidente do clube pernambucano. O ex-dirigente coral afirma que era diretor de futebol amador na época da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 1992 e recorda como foi a participação do craque na Copinha.
– Rivaldo e Valber fizeram uma excelente Copinha. Quando voltaram, foram incorporados ao time profissional. Mas Rivaldo era muito vaiado. Era um grande jogador, mas a torcida achava que ele não tinha estabilidade em campo. O futebol é assim. Geralmente, os torcedores têm pouca paciência para os que são do clube e mais paciência para quem vem de fora – destacou, reforçando que há 20 anos Rivaldo era apenas uma promessa do futebol.
Sobre a negociação em si, Alexandre Mirinda faz coro a José Neves Filho e não culpa os diretores que ficaram a cargo da venda de Rivaldo.
 – Podia ter vindo mais dinheiro, mas foi um bom negócio. Me coloco na pele do presidente da época até pela cobrança da torcida. E que fique claro que, dez anos depois da venda, em 2002, Rivaldo era para ter sido eleito o melhor jogador da Copa do Mundo realizada na Coréia do Sul e Japão (o escolhido foi o goleiro Oliver Kahn, da Alemanha, que perdeu a final para o Brasil). Ele jogou muita bola – finalizou sobre o meio-campo, que este ano defenderá o Kabuscorp, de Angola.